sexta-feira, 31 de julho de 2009

Valsa das fadas

Esta noite minhas mãos se tornaram seda. Macias. A vida começa assim doce, simples e leve para os mais sofridos homens. Nasci então no meio dos seus braços e entre suas pernas, no fundo dos seus olhares, na boca e no cheiro. 
O frio faz com que eu me reaproxime mais uma vez durante a noite. Sem palavras apenas ao som da nossa respiração...
Costumava quando criança me refugiar do espaço para criar o meu, únicamente meu mundo. As vezes com cores e as vezes em preto e branco. Meus prazeres estavam nas imagens que minha cabeça criava. Passo a passo me fiz princesa, rainha, rebelde, jovem, mulher... 
E eu esperava por algo que me trouxesse para a realizadade, e doeu. Muito. 
Eu sei que estou apodrecendo a cada dia que passa, as ruas ficam nebulosas e o medo corroi. Nunca se sabe onde estará a próxima pedra. Posso voltar à minha fantasia?
Olhei para o lado e vc continuava lá dormindo nos seus sonhos. Minhas mãos frias como gelo perdiam a cor, tão brancas quanto o meu rosto no desespero de desvendar cada pedaço teu.
Ora, tola eu diria, tola sou de tantas imaginações. 
Posso serfurar tua mão? O frio sempre me desarma.
Por que suas mãos sempre me confortam tanto? Por que sua pele reconhece a minha como se fosse ela propria? 
Por que sua boca grita pela minha ao ponto de ensurdecer? 
Vou correr para dentro desta neblina que recebe teu nome, e que me faça escorregar de dia e de noite. E que me faça pisar em cacos, que me faça sangrar.
Eu perderia os medos dos passos errados para enter por que sua respiração completa a minha...
Um homem este homem que se fez tão presente.. de onde? 
Quantas questões rondam minha cabeça, quantas bobeiras. E eu fui para a janela esperar não mais por um sinal. Mas por um som familiar, talvez seja a voz desse homem. Ele costumava me olhar nos olhos e dizer que eu era unicamente dele. Isso me fazia rir!
Quanto amor.  Je`t aime, sussurrava, Je`t aime .. to jour je`t aime... mesmo que as pelavras não tivessem som eu sentia. Na valsa da nossa história com os primeiros passos, lentos, fracos intensos. 
Pode sentir? 
E ele sussurrava Je`t aime... 
E dançávamos e ríamos e bebíamos, na valsa ele me levava para todos os cantos dos beijos, ao céu dos abraços. Je`t aime ele gritava....
Uma volta, duas voltas, tres voltas e aí está bebado, chorando me amando. Dança comigo amor meu. Je`t aime esqueceu? Nossa valsa, nossos passos. Quero rodopiar pelo seu mundo, envolvida nos braços, com seus l'bios marcando cada nota no meu corpo. 
Griteeeeeeeeeeee o mais alto que puder... To jour... eu vivo. 
Pra criar a perfeição no meu mundo. Durma nesta valsa cintilante de corpos que se reconhecem. Je`t aime vc sussurra, Je`t aime eu respiro.

(Yann Tiersen - La Viellée)