sábado, 12 de julho de 2008

Na terra molhada

Os pés descalços me levaram a crer que eu não tinha nada. E com eles eu caminhava pelas montanhas frias de úmidas, o vento cortava a respiração que ja era ofegante.
Enquanto o sol se punha eu adiantava alguns passos em busca de um lugar em que estivesse protegida. Cada vez que corria e corria o caominho se estendia tornado-se mais longo. Os meu pés estavam roxos de tanto frio.
Quando a lua brilhou no alto do céu azul cai de joelhos e pedi uma resposta, não havia saída. Talvez eu até morresse ali, perdida sem ninguém nem notar.
Como a vida humana é frágil, pensei e em meio ao desespero comi a terra que me sucumbia. Ela estava deliciosa e as árvores cantarolavam para mim. Tudo lindo. Mágico. O meu mundo. Minha morte tornara-se uma grande orquestra e as estrelas no alto do céu dançavam a valsa.
A terra tão doce, amarga, fria e crua, a vida frágil, leve e indefesa.
Eu já não tinha mais medo, estava em um dilúvio apenas meu. Em meio a loucura eu me rendi e cai com os braços abertos ao ceú, esperava algo além de estrelas dançantes e um vento que doía quando soprava.
Naquela hora eu não poderia responder o meu nome, eu já não sabia mais usar as palavras, agrupar vogais e consoantes, só sentia a vida ser levada ao vento.
Da lama fez-se o pó, do pó se renasce. Adormeci com o canto das árvores que balançavam vagarosamente o meu corpo ali jogado. Eu estava protegida. Vencida pelo desgaste adormeci.
Acordei com a pele queimando, já era dia, os meus pés já não congelavam e nem o vento cortava, o caminho mais curto agora tinha uma direção, então fiquei de joelhos e agradeci por mais uma chance de acertar.

Um bom final de semana

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